
A partir de 04 de outubro de 2025, chaves Pix com Marcação de Fraude deixarão de ser anunciadas para o sistema financeiro, inviabilizando seu uso. Empresas ou Pessoas que foram identificadas como fraudulentas não poderão receber Pix até que a pendência de fraude seja sanada.
Esse movimento tem como objetivo aumentar a segurança do sistema e reduzir o uso do Pix em atividades fraudulentas.
Ao longo do texto explicamos na prática o que muda, e tiramos as principais dúvidas:
Em linhas gerais, o comunicado do Bacen estabelece que, sempre que uma chave Pix estiver vinculada a uma marcação de fraude, seus dados não serão mais exibidos em consultas ao DICT. Na prática, isso significa que contas e chaves ligadas a práticas fraudulentas deixarão de ser utilizáveis no ecossistema do Pix, trazendo maior proteção para os usuários e pressionando empresas a manterem controles mais rígidos contra fraudes.
O que é uma marcação de fraude?
Uma marcação de fraude ocorre quando uma instituição financeira identifica que determinada chave Pix ou titular está envolvido em:
- Transações fraudulentas (golpes, fraudes digitais, estelionato);
- Uso como conta laranja (mule accounts);
- Fraudes recorrentes reportadas por diferentes instituições.
Marcações de fraude ficam registradas no DICT e, a partir de outubro/2025, qualquer chave com essas marcações não será mais divulgada para o sistema financeiro – o que, na prática, bloqueia seu uso no Pix.
Adicionalmente isto também bloqueia QRCodes estáticos, ou dinâmicos e até mesmo integralmente o CNPJ ou CPF do titular da chave Pix. Mesmo que o fraudador migre a chave para outra instituição a marcação permanece.
Essa medida tem como objetivo garantir ainda mais segurança ao ecossistema Pix, fortalecendo a confiança entre pagadores, recebedores e instituições financeiras.
O que é o DICT?
O DICT (Diretório de Identificadores de Contas Transacionais) é a base de contas transacionais do Banco Central que concentra todas as informações sobre as chaves Pix. Ele funciona como uma “lista única” da rede Pix, permitindo que as instituições financeiras saibam exatamente para qual conta direcionar um pagamento.
Sempre que você digita uma chave Pix (CPF, CNPJ, telefone, e-mail, aleatória) ou lê um QRCode, a consulta é feita ao DICT. É de lá que vem a confirmação dos dados do destinatário, garantindo segurança e clareza antes da transferência.
Todas as instituições participantes do Pix – como bancos, fintechs e instituições de pagamento – têm acesso ao DICT. Isso significa que a verificação é padronizada para todos, evitando divergências de informação e assegurando a integridade do sistema como um todo.
Além de armazenar as chaves, o DICT também registra marcação de fraude, contas de laranja e informações de infrações (MEDs), servindo como uma camada adicional de proteção contra crimes financeiros.
O que é MED (Mecanismo Especial de Devolução)?

O MED é o mecanismo criado pelo Banco Central para aumentar a proteção de quem sofre golpes, fraudes ou erros operacionais via Pix.
Objetivo principal:
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Permitir que o pagador peça a devolução de valores quando identificar uma fraude ou falha (duplicidade, erro técnico etc.).
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Aumentar as chances de recuperação de fundos desviados, especialmente nos casos em que o valor ainda está na conta destino ou em contas próximas.
Quando um MED é aceito, pode gerar uma marcação de fraude contra o beneficiário (quem recebeu) — o que, sob as novas regras do Bacen, pode levar a restrições na visibilidade da chave Pix.
Em outras palavras: empresas que acumulam MEDs aceitos contra si podem, futuramente, sofrer bloqueios ou ter chaves Pix “invisíveis” no DICT — o que prejudica operações de recebimento via Pix.
MED 2.0: a evolução do mecanismo
O Banco Central já disponibilizou uma versão aprimorada do MED, chamada MED 2.0, com foco em aumentar a efetividade e rastreabilidade nos casos de fraude.
Algumas das inovações incluem:
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Rastreamento em cadeia: permitir seguir o caminho do dinheiro por múltiplas contas intermediárias (camadas de repasse) para identificar onde o valor transitou.
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Bloqueio de valores em contas intermediárias: congelar recursos mesmo após serem repassados para outras contas, aumentando as chances de recuperação.
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Tempo de contestação estendido: permitir devoluções mais “tardias”, considerando os prazos para identificação de fraude.
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Interface mais simples para o usuário: tornar mais fácil e transparente o pedido de MED, diretamente via app bancário.
A expectativa é que o MED 2.0 comece a operar em outubro de 2025.
Com essas melhorias, o mecanismo terá mais poder para “ir atrás” dos valores que passaram por outras contas além da conta destino inicial, aumentando substancialmente a proteção para vítimas de fraude.
Outros conteúdos da Woovi sobre MED
Para aprofundar ainda mais e já antever comportamentos e respostas necessárias, temos vários artigos que detalham diferentes aspectos do MED:
- O que é MED e como funciona?
- Quais são os prazos dos MEDs?
- MED e Reembolso: Por que é essencial responder o MED mesmo após o reembolso?
- Minha conta pode ser bloqueada em caso de MED?
- Como responder corretamente a um MED ou Disputa?
Além disso, gravamos uma live no canal do YouTube da Woovi explicando o MED de forma prática, com exemplos reais. Vale indicar isso para os clientes como recurso complementar.
Quem será mais impactado?
A medida do Bacen tem como foco aumentar a segurança do Pix e retirar do sistema os agentes mal-intencionados. No entanto seus efeitos também podem alcançar empresas legítimas que não mantêm boas práticas de prevenção a fraudes.
Fraudadores e contas maliciosas
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Contas e chaves ligadas a práticas fraudulentasUsuários e empresas já associadas a golpes, contas laranja (mule accounts), ou que acumulam diversas marcações de fraude no DICT.
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Nesse caso, o impacto é positivo: essas contas deixam de circular, fortalecendo a rede Pix e protegendo os usuários.
Empresas legítimas, que podem ser afetadas e ter riscos:
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Contas de gateways de pagamentoPlataformas que processam pagamentos para terceiros e não possuem controles rígidos de compliance podem acabar recebendo marcações de fraude.
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Empresas que intermediam pagamentosNegócios que recebem valores em nome de terceiros e realizam repasses posteriores podem ser afetados se não tiverem mecanismos de monitoramento robustos.
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Empresas que não fornecem suporte adequadoOrganizações sem canais de atendimento eficazes tendem a acumular MEDs por parte de clientes insatisfeitos, o que aumenta a chance de marcações de fraude.
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EcommercesEcommerces com atraso na entrega, pouco suporte, disputas com clientes podem ser marcados como fraude, e ter suas chaves pix marcadas como fraudulentas.
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Empresas que rodam conta bolsãoEmpresas que ainda rodam conta bolsão, podem ser imediatamente bloqueadas com fraude de apenas um cliente.
Assim, o novo cenário traz um alerta: quem não estiver preparado em processos de segurança, compliance e atendimento pode sofrer consequências, mesmo sem atuar de forma fraudulenta.
Recomendações para sua empresa
Para manter o Pix funcionando sem restrições, sua empresa precisa adotar boas práticas de segurança e atendimento. Sempre que houver um MED, é fundamental apresentar defesa junto à instituição onde mantém conta — ignorar pode gerar marcações de fraude no DICT.
Reduza o risco de MEDs
Resolva disputas rapidamente no atendimento para evitar que virem MEDs. Se um MED for aberto, responda com evidências que comprovem a transação. (Mesmo sendo um caminho incorreto, muitos consumidores abrem MEDs por questões de desacordo comercial, o que desvirtua o objetivo do mecanismo)
Revise parcerias
Escolha apenas parceiros idôneos e regulados. Negócios de risco podem gerar marcações de fraude que recaem sobre sua empresa.
Reforce controles antifraude
Tenha processos sólidos de cadastro e autenticação de clientes e pagadores, aplicando validações adicionais sempre que necessário.
Monitore transações suspeitas
Use ferramentas para identificar movimentações fora do perfil e agir de forma preventiva.
Transparência nas operações
Mantenha fluxos de pagamento claros e documentados para reduzir disputas e fortalecer sua defesa em caso de MED.
Política de KYC, evite clientes de alto risco
Implemente política efetiva de KYC a prevenção à risco com clientes que possam virar fraudadores e contestar transações
Eduque seus clientes
Deixe sempre claros os processos e políticas de devolução da sua empresa. É fundamental que o cliente tenha confiança de que será bem atendido em caso de uma possível devolução. Explique de forma simples como funcionam os prazos, etapas e canais de atendimento. Ao educar seu cliente e alinhar expectativas desde o início, você evita mal-entendidos e reduz a abertura indevida de MEDs.
O futuro do Pix exige mais responsabilidade de todos

A mudança anunciada pelo Banco Central é um avanço importante para a segurança do Pix, mas também traz maior responsabilidade para as empresas. Manter processos sólidos de compliance, oferecer suporte eficiente ao cliente e responder corretamente a disputas (MEDs) será essencial para evitar restrições e garantir que sua operação continue funcionando sem riscos.
Se a sua empresa deseja operar em uma instituição que dá todo apoio no tratamento de MEDs e disputas, convidamos você a abrir sua conta gratuitamente na Woovi: Clique aqui.
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Na Woovi, acompanhamos de perto todas as atualizações do Bacen para que sua empresa tenha sempre segurança, estabilidade e informação confiável.
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